Bazaruto: arquipélago
ecológico
O arquipélago de Bazaruto
(Moçambique) é considerado um dos mais belos do continente africano. Com uma
paisagem mais ou menos idêntica em todas as ilhas, este arquipélago tem tudo o
que se possa sonhar: águas cristalinas, areias brancas e recifes de
coral.
Este arquipélago parece ser o último lugar do Mundo onde a
paz de espírito é um animal subaquático com peso, cor e forma.
o fundo do mar de Bazaruto.
Moçambique tem 2500 Km de costa banhada pelo Oceano Índico. O
arquipélago de Bazaruto fica sensivelmente a 600 Km de Maputo, a Sul da Beira e
em frente a Inhassoro e Vilankulo, sendo constituído por várias ilhas arenosas,
de dimensão variada, em cujas águas nadam, a Oeste, Manatins e Jacarés, e, a
Leste, peixes tropicais, golfinhos e tubarões.
Praia do arquipélago de Bazaruto.
O arquipélago de Bazaruto inclui, como ilhas mais
importantes, Bazaruto, Benguerua, Santa Carolina, Magaruque e Lunene. Destas, só
as duas primeiras são habitadas.
Durante a guerra civil, a população do arquipélago aumentou
exponencialmente por razões óbvias: a guerra que, neste local não passou apenas
de um ruído na vida dos pescadores e dos ostreiros.
Nestas ilhas ouve-se mais o "funingaloo" (língua franca desta
região, inventada pelos mineiros na África do Sul) que o português ou o inglês,
e o cheiro a peixe seco que enche o ar adjectiva o meio de subsistência dos
nativos.
Junto ao mar, ouvem-se, muitas vezes, os cantos tribais com
que os pescadores ritmam as remadas que quebram o espelho liso deste oceano,
onde mora a tal paz de espírito, com peso, cor e forma subaquáticos.
Com 38 Km de comprimento e sete de largura, Bazaruto é a
maior ilha do arquipélago e de Moçambique. Tem cerca de 2000 habitantes, que
vivem quase exclusivamente da pesca, um hotel e um farol construído em 1914. Mas
esta ilha tem também florestas densas de Casuarinas, que crescem mesmo até junto
à praia, proporcionando execelentes sombras a quem prefere ficar fora de
água.
Em 1971, parte do arquipélago foi considerada Parque Natural
Marinho (Benguera, Magaruque e Bangue) e as ilhas de Bazaruto e Santa Carolina
foram classificadas como zonas de vigilância especial.
Com cerca de 260 espécies diferentes e reconhecidas de aves,
das quais se destacam as colónas de flamingos que pousam nos recifes de coral,
no arquipélago de Bazaruto é possível encontrar exemplares de fauna marinha já
extintos em outros pontos do Mundo.
Sereia mítica de poetas e marinheiros, o Dugongo é um
mamífero a quem os pescadores chamam "mulher peixe" porque, dizem, tem seios e
cabelos de algas; já quase não existe, podendo ser visto à volta das ilhas,
constituindo uma atracção muto forte. Há ainda a possibilidade de observar
tartarugas, golfinhos e tubarões.
Dugongo.
O arquipélago de Bazaruto com quase 600 Km2 de rochas e
areias macias, de conchas e corais, foi formado há centenas de milhares de anos
quando a corrente do rio Limpopo depositou as areias na sua foz. Durante a maré
baixa o arquipélago multiplica-se, surgindo várias ilhas brancas, cobertas de
conchas, que voltam a ser engolidas pela água seis horas depois, quando a maré
sobe deixando as ilhas a uma profundidade de dez metros.
Quando se mergulha neste mar, assiste-se a uma complexa
explosão de vida colorida. Neste arquipélago pode-se encontrar, debaixo de água,
quilómetros de recife e, sobre estas cordilheiras de coral, existem enormes
cabeleiras esverdeadas, anémonas gigantes com enormes tentáculos globulares,
policiadas de perto por peixes-palhaço que nelas habitam.
Cardume em
formação sinusoidal.
Entre os corais surgem também, para além dos tubarões,
enormes cardumes que se movem de um lado para o outro como gigantescas manchas
de cor e por entre grupos malignos de encharéus.
cardume de
peixes-anjo.
De facto se a vida tem um sentido, deverá ser este. Um
incomensurável espaço a envolver um infindável tempo. Não existem paredes nem
relógios neste maravilhoso arquipélago que se chama Bazaruto.
Peixe-Crocodilo.
Pérolas
e lendas
Limpopo.
Existe uma lenda que diz que
Bazaruto vem de um tempo muito antigo, quando a rainha de Sabá esteve em
Bazaruto para buscar as suas pérlas. O arquipélago foi, na realidade, durante
muitos anos um posto de transacção para os árabes, onde se trocavam pérolas por
especiarias.
Diz também a lenda que o comandante Lourenço Marques, que deu
o nome à cidade hoje conhecida por Maputo, raptou um dia uma princesa indiana.
Para fugir à família, escondeu-se com ela em Bazaruto... e ali viveram e se
amaram, sem que ninguém, sem que ninguém o descobrisse.
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