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sábado, 13 de julho de 2013

TORRINHAS (RS) AINDA SONHA COM A EMANCIPAÇÃO

O sonho de emancipar Torrinhas ficou no horizonte, mas pode ser retomado. O projeto de lei complementar 416/08, que regulamenta a criação de municípios, estabelecendo critérios como viabilidade financeira, população mínima e plebiscito do qual participará toda a comunidade, pode favorecer o processo de emancipação do local. O texto foi aprovado pelo plenário na semana passada, e retorna ao Senado para nova votação. Se aprovado, ele institui novos parâmetros que forçam a reformulação da proposta defendida pela comunidade local.


De acordo com o projeto (aprovado por 319 votos a 32), qualquer procedimento deve ser realizado entre a data de posse do prefeito e o último dia do ano anterior às eleições seguintes. O texto também estabelece requisitos pontuais. Tanto o município a ser criado quanto aquele que já existe devem atender a requisitos mínimos. Quanto à população, os novos municípios e os remanescentes deverão ter população ao menos igual ao mínimo regional, calculado segundo percentual incidente sobre a média nacional de habitantes dos municípios brasileiros. Para encontrar essa média, serão excluídos os 25% dos municípios mais populosos e os 25% dos menos populosos. O mínimo regional de habitantes será de 50% dessa média para as regiões Norte e Centro-Oeste; de 70% para o Nordeste; e de 100% para o Sul e o Sudeste.





Outro requisito que antecede o início do estudo de viabilidade e o plebiscito é a existência de um núcleo urbano com um mínimo de edificações, calculado com base em 20% da população da área que se pretende emancipar e no número médio de pessoas por família. Todos os dados populacionais deverão considerar os levantamentos censitários mais recentes realizados pelo IBGE.


Vocação primária


A agropecuária ocupa a rotina dos cerca de 1,5 mil habitantes do distrito de Torrinhas, na região norte de Pinheiro Machado. A produção da localidade é escoada por uma estrada de terra, de manutenção complicada. Para reverter à situação, o povo da pequena vila imaginava agregar uma prefeitura à paisagem urbana que dispõe de hospital e escola. "A intenção era clara, e tudo indicava seu sucesso. O projeto avançou, inclusive, com apoio da comunidade, mas esbarrou na legislação, e foi perdendo força", explica Jackson Cabral, que chegou a liderar a iniciativa desencadeada há cerca de 10 anos.


Cabral, entretanto, se mantém firme em defesa à emancipação. "Mesmo sabendo que é muito complicado, do ponto de vista do processo, acredito que esta é a forma mais rápida de alavancar o desenvolvimento local. Ainda combato aqueles que defendem a ideia de que o município-mãe perde com a emancipação. Ocorre justamente o contrário, por que a cidade deixa de oferecer saúde, educação e infraestrutura a um território onde já tem dificuldade de oferecer estes serviços", reflete, ao destacar que este contexto serviu de combustível para o processo de Torrinhas. "Sentíamos que faltava atenção à localidade", sentencia.


À época, a iniciativa chegou a disputar a atenção dos deputados estaduais, que detinham o poder sobre o dispositivo, com outros 200 processos, a maioria no norte do Estado. Localizada no segundo Distrito de Pinheiro Machado, Torrinhas preserva um dos Cartões Postais do município - uma pedra de formato curioso, que já motivou estudos de diversos geólogos. "Além da vocação para a produção primária, o novo município nasceria com forte apelo para o turismo", defende.


A Lei das Emancipações agora exige o estudo de viabilidade, que deverá ser realizado, preferencialmente, por instituições públicas "de comprovada capacidade técnica" e terá de abordar três vertentes: econômico-financeira; político-administrativa e socio-ambiental e urbana. Entre os itens de economia, devem ser analisadas informações como receitas de arrecadação própria (considerando os agentes econômicos já instalados na área), receitas de transferências federais e estaduais, despesas com pessoal, custeio e investimento.


Esses dados deverão ser compilados em relação aos três anos anteriores à realização do estudo. A comissão organizada em função da proposta já não dispõe de estudo capaz de mensurar a viabilidade econômica de Torrinhas - nova exigência dos processos de emancipação. Este critério, a julgar pelos dados disponibilizados pela Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul, dificilmente impediria a tramitação. Os números do instituto comprovam que Pedras Altas, por exemplo, detém PIB per capita (produto interno bruto, dividido pela quantidade de habitantes) maior do que Pinheiro Machado. O município que preserva a memória do Castelo de Assis Brasil apresenta R$ 23.556,00 de PIB per capita, enquanto a capital da ovelha contabiliza R$ 14.643,00 - indicando que Torrinhas também pode encontrar viabilidade. 


Redator: Tradição Regional (Permitimos a reprodução total ou parcial da matéria desde que citada fonte)

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