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| outra vista da Base de Signy |
As Órcadas do Sul, com área de cerca de 622 km², constam de duas ilhas
principais: Coroação
(com 457 km²) e Laurie
(com 86 km²), e ilhas satélites de ambas chamadas Larsen,
Powelh,
Signy e
Robertson.
As ilhas
Inacessíveis, situadas a umas 15 milhas náuticas a oeste da ilha Coroação,
são consideradas parte do arquipélago.
Como as ilhas
Aurora, Geórgias do Sul, Sandwich do Sul e os
arquipélagos mais próximos da Península Antártica, fazem parte
do chamado Arco
Antilhano Austral ou das Antilhas
do Sul.
O relevo das ilhas é acidentado, com montanhas e pequenos planaltos,
orografia onde se movem glaciares que cobrem grande parte da área insular. O
cume deste arquipélago é o monte Nívea na ilha Coroação, de 1266 m de altitude
(as medições altimétricas têm alguma variação, pois alguns textos registam 1267
m).
Muito provavelmente as Órcades do Sul foram descobertas no século XVII por Gabriel
de Castilha, que procurava chegar à Terra
Australis Incognita a partir de portos nos actuais territórios do Peru e do Chile. As ilhas, tal como todas as Antilhas do Sul e a
Península Antártica, foram frequentemente visitadas por caçadores de focas e
baleias de diversas nacionalidades (espanhóis da Europa e da América do Sul,
ingleses etc.) já no século XVIII.
As primeiras noticias documentadas de descoberta indicam a chegada de dois
caçadores de focas em 1821: o estadounidense Nathaniel
Palmer e o britânico George
Powell. Powell batizaria a ilha Coroação em homenagem ao ano da coroação do
monarca britânico Jorge IV e chamou ao arquipélago
grupo Powell. Em 1823, James Weddell com o seu
navio
Jane visitou as ilhas, e deu-lhes o seu nome actual, ao ver as suas
coordenadas na mesma latitude Sul que as britânicas ilhas Órcadas no Atlântico norte, e renomeou algumas
delas.
As ilhas continuaram a ser visitadas por caçadores de focas e de baleias, mas
não se realizou nenhum levantamento detalhado até à expedição do
Scotia,
comandada pelo escocês Wilhiam
Speirs Bruce, em 1903. A expedição
invernou na ilha Laurie devido ao barco ter ficado à mercê dos gelos. Bruce
estudou as ilhas, reverteu algumas das mudanças de nome realizadas por Weddell e
estabeleceu uma estação meteorológica. Ao zarpar o barco pondo fim à sua
imobilidade, navegou em Dezembro para Buenos Aires para reabastecer. Bruce desejava a
continuidade dos seus estudos, pelo que coloca à venda as instalações ao governo
argentino (por $5000); na negociação deu conformidade o governo britânico,
representado pelo embaixador em Buenos Aires. O presidente argentino, general Julio Argentino
Roca, por decreto do 2 de Janeiro de 1904, aceitou a oferta das instalações e dispôs-se a
enviar uma comissão, no
Scotia, a recebê-las, com o encarregado da
Estafeta Postal "Órcades do Sul", Hugo
A. Acuña, criada por resolução ministerial de 20 de Janeiro de 1904 (o
perito de limites Francisco Pascasio Moreno foi
promotor para que se instalasse esse gabinete). Esta estação foi cedida ao
Serviço Meteorológico Nacional Argentino e - expressamente - à soberania da Argentina a partir da expedição em 1904 sendo a origem da base argentina Órcadas.
A estação argentina está em operação, o que faz dela a localidade
permanentemente habitada mais antiga da Antártida.
O diário "La Prensa" de Buenos Aires, de 16 de junho de 1904, publicou uma
nota de seu correspondente na viagem do
Scotia às Órcadas do Sul
acompanhando a comissão, com as novidades produzidas durante o mesmo, da qual se
extrai o parágrafo:
... 21 de Fevereiro. Hoje foi arriada a bandeira inglesa, içando-se em seu
lugar a argentina. em seguida procedeu-se à entrega formal da ilha e do
Observatório à comissão argentina. À noite festejou-se o acontecimento brindando
à saúde dos povos argentino e inglês. Depois houve música, cantando-se os hinos
inglês e argentino pelas respectivas comissões. Finalmente fez-se um brinde à
saúde dos presentes e cantou-se "Old land sing" do poeta escocês Roble
Burns.
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A data de transferência e da mudança de bandeira está também registada com a
notícia enviada por Hugo A. Acuña para o diário "La Nación" de Buenos Aires, de
9 de julho de 1904, como também no seu próprio diário pessoal.
Tanto a Argentina como o Reino Unido fizeram reclamações
territoriais sobre as ilhas. Como estas se encontram a Sul do paralelo 60°,
estão sujeitas ao Tratado Antártico, que congelou todas as
reclamações de soberania.
A Argentina sustenta a sua reclamação na operação continuada da Estação
Meteorológica e no argumento de que as Antilhas do Sul são os cumes emersos de
uma cordilheira que é a continuação dos Andes e dos Antartandes.
A tese argentina compreende todas as Antilhas do Sul, as ilhas Malvinas e o sector
ou porção da Antártida situado entre o paralelo 60 S, os meridianos 25 W e 74 W até ao Polo Sul,
inclusive.
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