castelos medievais

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quinta-feira, 2 de março de 2017

FAROL DO ALBARDÃO - SANTA VITÓRIA DO PALMAR - RS

Farol do Albardão

O litoral gaúcho já foi lugar de muitos naufrágios, exigindo há muito a maior cautela dos navegantes e a maior atenção das autoridades no que diz respeito à sinalização náutica (ver farol Solidão).

O farol do Albardão, inaugurado em 3 de maio de 1909 foi o primeiro de uma rede que complementaria a iluminação da costa entre Rio Grande e a divisa com o Uruguai. Esse trecho, conhecido como Praia do Cassino (ver farol Sarita), apresentava a média de um naufrágio por ano.

Na área foi criada a Estação Ecológica do Taim, conhecida como "o pantanal gaúcho". A paisagem inóspita e solitária é frequentada ocasionalmente pelos amantes da pesca e off-road. Albardão, mesmo estando no continente, é um dos nossos faróis mais isolados.

O primeiro farol era uma armação de ferro tipo Mitchell (ver farol São Tomé) da marca BBT (ver farol Natal) com 35 metros, equipada com um aparelho dióptrico de 3ª ordem (ver Educacional). A montagem ficou à cargo do mecânico Alfredo Kurt Schultze.

A torre atual data de 1948, obra da construtora Christiani-Nielsen executada sob projeto de Ernst Schaffer. Com 44 metros de altura, o imponente espigão de concreto substituiu o anterior, vitimado como tantos outros pela ação abrasiva da maresia.

Albardão foi eletrificado em 1986, contando com gerador à diesel.

Veja abaixo o relato da construção do farol novo:

O farol do cemitério dos navegantes

Por Ernst Schaffer, engenheiro da Construtora Christiani-Nielsen, publicado na edição de Agosto de 1949 da revista CN Post (publicação interna da construtora).

Em janeiro de 1948 recebi da CN Rio a incumbência de viajar para o Rio Grande do Sul para construir no litoral em Albardão (localizado entre Rio Grande e o Uruguai) um farol com 45 metros de altura junto com 4 casas para o vigia e familiares.Esse farol deveria substituir um outro com 38 metros de altura construído em 1910 de tubos de aço soldados.Essa construção, devido à forte maresia no local, com pouco tempo de construção já se encontrava bastante danificada pela corrosão.Mais tarde a torre foi reforçada com 8 pilastras e a própria torre revestida com uma camada de concreto armado, mas isso também se danificou.

No dia 11 de janeiro viajei junto com o mestre carpinteiro Arne Nielsen do Rio de Janeiro para Rio Grande, uma cidade com 65.000 habitantes.Essa se tornou nossa base.No dia seguinte saímos para visitar o futuro canteiro onde seria erguido o farol, uma viagem de 145 km onde 125 km são percorridos pela praia.O tempo estava nesse dia particularmente ruim.Algumas vezes era necessário dirigir quase que na água onde a areia possuía maior consistência.Por muitas vezes, mais tarde, tivemos que guiar os caminhões para que não atolassem na areia correndo o risco dos caminhões serem cobertos por ondas.Isso aconteceu diversas vezes com os caminhões que nos traziam materiais.

O local do canteiro é um local muito isolado onde só se via areia e alguns arbustos.Um momento diferente era o aparecimento no inverno de animais como focas e pingüins.O litoral é muito perigoso para os navegantes e por isso chamado de "Cemitério dos Navegantes".E não é sem motivo: nos últimos 40 anos, 33 navios foram parar na praia que tem 213 km de extensão.Muito deles ainda se encontram aqui mesmo, durante a guerra muitos se transformaram em sucata.Em abril de 1948 veio parar na praia um navio americano.

No canteiro existiam 4 casas de madeira sendo que 2 delas eram habitadas pelos vigias, as outras 2 foram usadas pela equipe antes da construção do barraco. Quando finalmente nos instalamos, percebemos que com a chegada do inverno a praia ficaria intransponível, o que nos levou a iniciar imediatamente o transporte de materiais.A água era a única coisa que não seria necessário ser transportada.Um poço fornecia água tanto para o trabalho quanto para os trabalhadores.A existência de água no subsolo trouxe porém dificuldades na escavação quando se teve de manter a bomba ligada dia e noite.

Uma das maiores dificuldades foi a contratação de pessoal qualificado como carpinteiros, pedreiros entre outros, e a maioria não sabia nem ler ou escrever quanto menos ter alguma noção técnica.Nós continuávamos à procura de pessoal e mesmo oferecendo um salário acima do oferecido na cidade era quase impossível traze-los.O local era isolado e triste.

Para a escavação das fundações construiu-se um anel de madeira e escavou-se a areia para fora.Foi se colocando peso sobre esse anel para que ele descesse acompanhando a escavação.O mesmo sistema foi usado nas fundações das casas.A fundação da torre estava pronta em junho, quando então demos início à construção da torre.Primeiro concretou-se cilindros com 2,6m de cada vez, e depois da terceira concretagem iniciou-se a construção das escadas.

Nesta época começou um forte vento frio o que fez com que muitos trabalhadores fossem embora.Devido ao mau tempo freqüentemente caminhões se atrasaram dias.Muitos ficaram presos na areia, e como não viesse ajuda ficavam à mercê do tempo.

Fonte:
faroisbrasileiros.com.br/farois

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