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quinta-feira, 9 de junho de 2016

URUPEMA (SC) - NA ROTA DA NEVE URUPEMA BATE RECORDES DE FRIO EM 2016

Urupema é um município brasileiro do Estado de Santa Catarina. Localiza-se a uma latitude 28º17'38" sul e a uma longitude 49º55'54" oeste, com altitude de 1.335 metros (junto à Praça Principal), cuja sede se encontra num pequeno vale, circundado por elevações com até 1.726 m (Morro das Torres) e a área urbana da pequena cidade, todavia situa-se entre 1315 m (proximidades do CTG), como atinge valores de 1430 m na rodovia que a une a Rio Rufino ao Norte. Na entrada Sul, as casas estão em patamares de 1350- 1360 m. Já os valores mais baixos de altitude, estão junto a foz do Rio da Divisa (com São Joaquim ao S-SE), quando esse deságua no Rio Lava Tudo, com cotas em torno de 990 m Urupema como município, é uma rampa topográfica (e de águas), com inclinação crescente para o N, divisas principalmente com Rio Rufino e Urubici.
praça central
Tem um clima subtropical (ou temperado), com média anual de 13°C. Em janeiro, mês mais quente, a temperatura média é de 18°C, e julho, mês mais frio, a média é de 8°C, com possibilidade de queda de neve. Sua população estimada em 2004 era de 2.554 habitantes e possui uma área de 353 km²
Cachoeira congelada em Urupema no inverno
Urupema (com variantes de arupemba, gurupema, jurupema, urupemba) tanto é uma peneira de fibra vegetal, semelhante às taquaras (bambusacea) na língua indígena dos kaingangs, do grupo macro-je usada nas lides domesticas, para peneirar farinha de milho, de mandioca, etc, e na pesca. Também pode ter outro significado, como é comum nas denominações indígenas quando se tenta buscar a original, de "pássaro ligeiro", que então, justifica o fato que existiu um planador da EMBRAER com esse nome.Essa denominação é de largo uso no Brasil, ate o NE (como peneira)
Junho de 2016
Seus primeiros habitantes foram atraídos pela fartura que o pinheiro-do-paraná (araucaria angustifolia) propiciava a avifauna e que os alimentava durante meses, quando a rara conífera foi, durante muitos séculos, a base da alimentação indígena na época de maior carência nutricional (outono-inverno) nas serras do Brasil meridional, tendo muitas vezes, salvado também a vida de muitos imigrantes europeus. A abundância da araucária foi a razão pela qual houve ocupação de áreas mais frias dos estados sulinos por um povo desprovido de animais silvestres de grande porte que lhes pudessem fornecer abrigo térmico, como ocorreu na América do Norte com os ameríndios, com relação aos bisões e alces.
entrada da cidade
O ponto mais alto do município é o Morro das Torres (ou Morro das Antenas, com o nome antigo, de Serra do Campo Novo e consequentemente, de Morro do Campo Novo), com 1.726 metros de altitude. É um dos pontos mais frios do Brasil, como tambem o Morro da Igreja e ao Morro da Bela Vista do Guizoni, ambos próximos da borda da Escarpa da Serra Geral, a poucos quilômetros a leste e nordeste da máxima elevação de Urupema.
Avenida na chegada de Urupema
avenida na entrada de Urupema (meus roteiros de viagem. com)
À sombra do Morro das Torres, a cerca de 1.600 metros de altitude, situa-se a Cachoeira que Congela, que recebe este nome por permanecer congelada nos dias mais frios do inverno, fenômeno único no país, quando em 1975 permaneceu vários dias com grossas camadas de gelo e, mais recentemente, em julho de 2000, com 12 dias completamente congelada.
praça central de Urupema
Um pouco mais ao Norte, (cerca de 6 km) na rodovia pavimentada que liga Urupema à cidade de Rio Rufino, nas proximidades do acesso a Cachoeira que Congela (1.507 m de altitude, sua base junto a estrada) e ao Morro das Torres, encontra-se um dos pontos mais elevados das estradas pavimentadas com asfalto do sul do país (com tráfego normal), com 1.550 m de altitude no topo da “serra”, melhor passo, que dá acesso ao Morro das Torres .Outro passo, mais elevado esta na rodovia Cruzeiro-Urubici, na localidade de Mundo Novo, com valores próximos de 1565 m de altitude. Maior cota de rodovia, mas com acesso restrito,1810 m na entrada do ultimo portão do CINDACTA II no Morro da Igreja. Em estradas sem pavimento asfáltico, de terra, como se costuma dizer, todavia, a máxima altitude rodoviária é aquela que se atinge no Morro das Torres em Urupema (1726 m), extremamente facil de acesso, sem necessidade de autorizacões (Mo. da Igreja).
Sua altitude e posição geográfica no planalto sul-catarinense favorecem, no inverno, temperaturas que podem chegar aos -10°C, sendo comum a ocorrência de neve em poucos dias no ano, média de 3/5 dias/ano e rápida e pouco no geral, neve forte de acumular (acima dos 5/10 cm) é ocasional e pode passar anos sem ocorrer. As temperaturas podem ir abaixo de zero, durante a noite e mesmo durante o dia (só em junho a agosto com máxima negativa e é pouco frequente), entre os meses de abril e setembro, embora seja muito comum temperaturas mínimas absolutas abaixo dos 5°C ao longo de todos os meses do ano, com geadas aparecendo em todos os meses, mais comum entre abril a novembro. Já teve registro de -1°C em 11/1/1994/Cidasc.
rodovia no inverno
Juntamente com São Joaquim, Bom Jardim da Serra no mesmo estado e São José dos Ausentes, no estado vizinho do Rio Grande do Sul, que são os mais frios do Sul, Urupema é o mais frio deles (menores mínimas absolutas), onde as temperaturas podem ficar frequentemente abaixo de zero (não raro com 35/45 dias /ano), entre os meses de março a novembro, tendo-se assim no mínimo, 8 meses do ano com possibilidades de gear ou nevar (abril a outubro) em dias mais frios. A Estação meteorológica de Urupema (CIDASC, automatizada, desativada atualmente) é uma das mais elevadas de SC, com 1.419 m de altitude (cerca de 1 km ao norte da sede), ficando apenas abaixo da estação do Morro da Igreja (INMET), com 1810 m e próxima da terceira estação mais elevada de SC, no Distrito são-joaquinense do Cruzeiro (Climaterra) (cerca de 1500 m). Em função de estar localizado abaixo do Morro das Torres (face Sul), na direção preferencial do escoamento do ar frio e estando a quase 100 m mais elevado que a sede municipal, a estação meteorológica mostra com frequência menores máximas que na sede/centro de Urupema, mas com frequência as mais baixas temperaturas do Brasil, em fortes ondas de frio, especialmente na cidade onde está a estação da Epagri, a menor temperatura registrada foi de -9,0°C.
No Morro das Torres, local de fácil acesso, todo o rigor do clima de Urupema é observado, pois a sua localização geográfica, posição frente juntamente com a vizinha Serra da Farova, são as últimas elevações com mais de 1.700 da Serra Catarinense (rumo SW e W ) e do Sul do Brasil, em todo o extenso planalto da Formação Serra Geral, um dos maiores derrame de lavas vulcânicas (basaltos em sua maioria e rochas ácidas com riólitos, dacitos em seus topos) do planeta, quando outras elevações com altitudes semelhantes, somente na pré-cordilheira andina.
O Morro das Torres, juntamente com as porções dos Campos dos Padres, onde se localizam os pontos mais elevadas de SC, em áreas dos municípios de Bom Retiro, Urubici e Grão Pará e, mais ao Sul, no belíssimo conjunto de mais de 60 cumes com altitudes superiores a 1.700 m, pertencentes a Urubici e Bom Jardim da Serra, próximos ao Morro da Igreja é palco de um raro fenômeno climático brasileiro, o congelamento de nevoeiros (sincelo), quando com baixíssimas temperaturas, os cristais de neve, resultante da sublimação do vapor de água, acumula-se sobre a vegetação arbustiva e as antenas de alguns morros, lembrando nevascas, sem ser uma precipitação vertical. O Morro das Torres é melhor local brasileiro para se observar o sincelo, sancelo ou rime em inglês.
Urupema é um lugar conhecido pelos brasileiros pelo seu frio recordista. Mas pouco conhecido alem do inverno. Seus campos, matas de araucárias, rios de rara beleza, seus passaros, suas flores silvestres e assim, um local em que durante o amanhecer e anoitecer, a poucos metros da avenida principal, escutam-se nas primeiras horas do dia e ao anoitecer as curucacas (curicacas), grandes aves do gênero Íbis, empoleiradas nas araucárias e os cantos característicos das gralhas-azuis (corvos brasileiros), aves do gênero Cyaonocoraxe e também os extraodinários voos dos papagaios-charões, que na época do pinhao migram do N-NE do RS para areas de divisas de Urupema, Painel, Rio Rufino e Bocaina do Sul.

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