Agadir (em árabe: أڭادير; em tifinagh: ⴳⴰⴷⵉⵔ), antigamente chamada em português Santa Cruz do Cabo de Gué, é uma cidade do sul de Marrocos situada a norte da foz do rio Suz (Souss), na costa do Oceano Atlântico. É a capital da região de Souss-Massa-Drâa e da prefeitura de Agadir-Ida ou Tanane. A população do município estimada para 2012 é de de 600 177 habitantes.
O nome significa "muralha, fortaleza ou cidade" em berbere ou, mais usualmente, a uma espécie de celeiro fortificado característico da região de Suz e do sul de Marrocos, sendo nesta aceção praticamente sinónimo de ksar, o termo árabe que deu origem à palavra "alcácer" em português.
A história é praticamente muda sobre Agadir, antes do século XII.
No século II a.C, o historiador Políbio evoca na costa atlântica da África, um cabo Rhysaddir, que poderia têr sido situado perto de Agadir; a sua localização continua a ser fonte de debate.
A mais antiga menção cartográfica que se encontra sobre Agadir aparece numa carta de 1325: aproximadamente no sitio da cidade actual, a indicação dum lugar chamado Porto Mesegina, a partir do nome duma tribo berbere já citada no século XII, os Mesguina ou Ksima.
No fim do período medieval, Agadir é uma aldeia de pouca notoriedade; o seu nome, Agadir el-arba, é atestado pela primeira vez em 1510.
Em 1505, os portugueses, edificam uma fortaleza ao pé do monte, em frente do mar, a Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué de Agoa de Narba, onde foi mais tarde o bairro hoje desaparecido de Founti, (chamado assim a partir da palavra portuguesa fonte porque aí encontraram uma).
Rapidamente, os Portugueses têm dificuldades com as tribos da região, sofrendo longas lutas e cercos, até que em 12 de Março de 1541 o xerife, Mohammed ech-Cheikh consegue apoderar-se da fortaleza. Seiscentos sobreviventes são feitos prisioneiros, fazendo parte destes, o governador D. Guterre de Monroy, seus filhos, e sua filha Dona Mecia. Os cativos são resgatados por religiosos vindos especialmente de Portugal. Dona Mecia, cujo marido, D. Rodrigo de Carvalhal, tinha sido morto durante a batalha, tornando-se mais tarde mulher de Mohammed ech-Cheikh, mas depois de têr dado à luz uma filha que apenas viveu oito dias, faleceu ela também pouco mais tarde, em 1543 ou 1544, havendo suspeitas de envenenamento da parte das outras mulheres do Xerife. Nesse mesmo ano de 1544, Mohammed ech-Cheikh fez libertar o governador D. Guterre de Monroy, com quem tinha amizade.
Depois da perda de Agadir, os portugueses acabam por abandonar Safim et Azamor. O Marrocos começa a ter menos importância para Portugal, tornado cada vez mais para a Índia e o Brasil. Depois de 1550, com a perda de Arzila, apenas lhes fica Mazagão, Tânger e Ceuta.
Em 1572, o casbá é construída no cimo da serra por Moulay Abdallah el-Ghalib, sucessor de Mohammed Ech-Cheikh. Chama-se então Agadir N'Ighir, literalmente, o sótão fortificado no monte em tachelhite, (língua berbere de Marrocos).
No século XVII, sob o reino da dinastia berbere do Tazeroualt, Agadir tornou-se uma enseada de certa importância, desenvolvendo o comércio com a Europa. Não existe neste tempo, verdadeiro porto. De Agadir parte o açúcar, a cera, cobre, couros e peles. Os europeus trazem o produtos manufacturados, como armas e tecidos. Durante o reino do sultão Moulay Ismail (1645-1727) e dos seus sucessores, o comércio com a França, até essa data mais importante regride, com proveito dos ingleses e holandeses.
EM 1731, um terramoto forte atinge a cidade. Em 1746, os holandeses instalam uma feitoria ao pé da casbá, sob o domínio do sultão, e participam sem dúvida a reconstrução da cidades. Por cima da porta do casbá, aínda hoje pode ler-se a inscrição holandesa : "Vreest God ende eert den Kooning", que significa "Teme Deus e honra teu rei", e a data de 1746.
Depois dum longo período de prosperidade sob as disnastias xerifianas ( Saadianas e Alawitas ), Agadir declina a partir de 1760, em razão da preeminência dada ao porto de Mogadouro , pelo sultão Alawita Sidi Mohammed ben Abdallah, que quere castigar o Suz, rebeld à sua autoridade. Esse declinio dura século e meio. Em 1789, um viajante europeu faz uma breve descrição de Agadir: "É agora uma vila deserta, apenas ficam algumas casas que ameaçam ruina"..
Em 1881, o sultão Moulay Hassan abre novamente a enseada ao comércio para abastecer as expedições au sul, que prevê de fazer. Essa expedições destinadas a reafirmar sua autoridade sobre as tribos do Suz, e oporem-se aos planos dos ingleses e espanhóis, realizaram-se em 1882 e 1886.
Em 1884, Charles de Foucauld descreve na sua Reconnaissance au Maroc a sua rápida passagem por Agadir, vindo do este : "Vou ao longo da costa até Agadir Irir. O caminho passa por baixo desta cidade, entre ela e Founti. Founti é uma aldeia miserável, algumas cabanas de pescadores; Agadir, apesar das suas paredes brancas que lhe dão um ar de cidade, é, segundo me disseram, uma pobre aldeia desabitada e sem comércio.
Em 1911, a chegada de uma canhoneira alemã (A Pantera), provoca o chamado "Coup d'Agadir". Pretextando um pedido de socorro das empresas alemãs do vale do Suz, a Alemanha decide, a 1 de Julho de 1911, enviar uma canhoneira, a SMS Panther (A Pantera), rapidamente seguida pelo cruzador Berlim, para oficialmente proteger a comunidade local. As fortes reacções internacionais, em particular as da Grã-Bretanha, surpreendem a Alemanha. A guerra ameaça. Depois de negociações cumpridas, um tratado franco-alemão é finalmente assinado a 4 de novembro de 1911, permitindo à França, em 1913, ocupar quase todo o reino de Marrocos.
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